CARROSSEL

O que seria romantizar a maternidade?
Se for olhar com graça para essa oportunidade de desenvolver em mim um ser melhor e ter muitos momentos desafiadores, mas ainda assim escolher apontar para todos os benefícios que essa jornada nos oferece, então sim, eu romantizo muito a maternidade…

Realmente, ficou difícil ver beleza em coisas que levam tempo e exigem muito de nós, se doar em prol de alguém e mudar o estilo de vida para comportar outra pessoa se tornou um grande peso para alguns. Nossas vidas estão tão viciadas em resultados rápidos que, sem perceber, isso afeta até a forma como idealizamos a criação de filhos, buscando sempre o fácil e confortável ou assumindo escancaradamente uma linha de egoísmo, considerando ser normal…

A verdade é que a maternidade nos melhora muito, ganhamos empatia verdadeira, generosidade, passamos a questionar o quão educados realmente somos, aprendemos sobre real paciência, ganhamos uma enxurrada de amor, treinamos domínio próprio e quando nos damos conta, essas condições começam a nos puxar para mais perto do que aprendemos ser o desejo de Deus para nossa existência…

A maior história de amor que eu já experienciei envolveu um sacrifício de morte (sim, estou falando de Jesus). Morrer por nós não foi um acidente eventual, foi uma escolha de amor de quem muito se entregou…
Se acharmos que o amor nunca irá nos custar nada e que não precisamos nunca sacrificar nada, nossa visão sobre servir e amar está deformada e, sim, precisa ser restaurada.

Levar as crianças no carrossel é sempre muito legal, antes de me tornar mãe, sonhava em levar minhas filhas e viver essas pequenas alegrias, mas nunca imaginaria que aquelas voltas me deixariam com tanta tontura…
As boas lentes não anulam as partes difíceis, mas essas são as lentes que nos ensinam a deixar de viver para nós mesmos e a valorizarmos até as fases mais ordinárias da vida.
O carrossel não é divertido pra mim, mas acaba por se tornar quando percebo o quão divertido é para as minhas filhas e está tudo bem, porque nem tudo nesta vida é sobre mim ou sobre você e na verdade, é bem pouco sobre nós…

Talvez a luta contra as mamães “românticas de plantão” seja apenas uma brecha para dar lugar a traços que nos impedem de viver uma certa plenitude na maternidade como: um pouco de egoísmo, um pouco de preguiça, um pouco de controle excessivo, a falta de temperança e essas coisas, ah, definitivamente não são românticas e nunca nos darão olhos capazes de enxergar qualquer resquício de romantismo.

São muitas horas de sono perdidas, momentos de lazer perdidos, algumas refeições frias e alguns eventos da vida mal aproveitados, mas em cada um desses momentos de eventuais perdas, sempre haverá um ganho (só para quem estiver disposto a ganhar).
Se eu me atentar sempre para coisas que posso estar perdendo, nunca estarei livre para contemplar o que estarei ganhando e uma decisão assim, é só para quem realmente está disposto a ter esse olhar!

Além de contemplar a existência de seu filho(a), contempla também quem você está se tornando porque, quem mais ganhou aqui foi você e não estou falando só de um filho(a)…

Um beijo daqui.

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