A GRAÇA DO PERDÃO

Sabe aquela pessoa que perdoa fácil? Eu pensava que era essa pessoa até perceber que eu perdoava, mas o “ranço” ficava. Não sei você, mas sempre ouvi que perdoar não significa recomeçar e sem perceber, crescemos dentro de uma cultura de amigos e inimigos ao aprender a entregar um perdão falso.

Para discorrer sobre esse assunto quero abrir um parênteses bem grande:
(Casos de abusos, agressões, violações, etc, não entram nesse contexto porque aqui, nossa proteção e segurança exigem de nós decisões práticas e firmes de afastamento.)

Ao me mudar de País, tive bom tempo de reflexão sobre tantos assuntos e detectei algumas falhas nas minhas emoções relacionadas ao perdão, que vieram me trazer revelação para assim eu pudesse, de fato, aprender sobre perdão genuíno. Talvez você se identifique com traços dessa cultura de falso perdão que são:

Ilusão: Você se ilude por pensar que seu problema foi resolvido mas, você ou a outra parte ainda guardam mágoas.
Soberba: Você automaticamente se sente superior por pensar que “venceu” essa área e foi maior que determinada pessoa por ter a iniciativa de “perdoar”.
Inimizade: Você até perdoa, mas corta relações de forma abrupta com o argumento de que está apenas se protegendo ou para que ninguém te ache pouco inteligente (burro mesmo) por voltar a se relacionar.
Restrição: Você se “blinda” por medo de acontecer outras vezes e isso afeta diretamente como você conduz outros relacionamentos.
Tristeza: Às vezes, você foi ferido ou feriu alguém que realmente tinha um apreço e se sente triste pela ausência dessa pessoa, mas esse modo de perdão te torna incapaz e te proíbe de recuperar as coisas.

Enfim, de um falso perdão, encontrei uma tonelada de razões para entender que, grande parte dos erros eram meus e é aí que está a graça do perdão: Ele ironicamente aponta o dedo para você, a fim de trazer conserto verdadeiro!
Se ao perdoar isso “massageia seu ego”, te faço um convite para sentar e refletir porque, um falso perdão é carregado de falhas que alteram nossa identidade de forma sutil, praticamente imperceptíveis a olho nu. 

Depois de todas essas descobertas, me posicionei dessa forma: Primeiro me perdoei por deixar tanto sentimento ruim entrar em meu coração de forma sorrateira a ponto de me enganar. Depois, reconheci que precisava pedir perdão onde pensava fielmente já ter resolvido e por último, declarei perdão, mesmo que algumas dessas pessoas não o tenham pedido pois, entendi que o verdadeiro perdão diz mais a meu respeito do que a respeito de quem me feriu.

O resultado dessa escolha à luz desse novo entendimento foi o prazer de reencontrar pessoas e expressar meu carinho verdadeiro, fortalecer laços e ir para um nível melhorado nos meus relacionamentos. Ainda assim, com esse coração aprendiz cheio de paz, alguns relacionamentos se perderam naturalmente porque o “falso perdão” ainda anda por aí roubando corações às escondidas e está tudo bem, cada um tem o entendimento a seu tempo…

E você, será que esse modo de perdão desfigurado tem te roubado? Acende a luz e clareia esse entendimento!
*Lembrete: A graça do perdão também é ser de graça.

 

Um beijo daqui.

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