Geralmente faço cartas para as minhas filhas e decidi que, a cada aniversário de sete anos de casada, farei uma carta e quero trazer aqui alguns fragmentos disso, pensando nas dicas valiosas que darei a elas sobre relacionamento.
Rodrigo e eu casamos jovens, e concordo com quem diga que, para casar jovem, é preciso passar por uma construção de maturidade e muitos romperes em unidade. Casar não tão jovem já te dá o benefício de saber bem o que quer, e aí entra o desafio de não olhar para a outra pessoa apenas como um produto para realização pessoal ou cair no erro de achar que, por já ter algumas experiências de vida, essa pessoa precise vir perfeitamente pronta para somar em sua vida.
Porém, acredito que existe um nível de maturidade e aprendizado específico que só encontramos no casamento! Então, por aqui, comemoramos muito o fato de termos casado aos 21/22 anos e ainda termos uma longa vida para desfrutarmos juntos.
Tive a experiência desagradável de namorar com um rapaz antes de conhecer o Rodrigo, e isso com certeza me serviu para aprender como não entrar em um relacionamento. Foi, por estar desprovida de dicas, que errei; então comecei a criar as minhas próprias ferramentas mentalmente para entrar num relacionamento que fosse realmente sério.
A primeira coisa que descobri é que não basta conhecer alguém sem, no mínimo, algumas perguntas difíceis sobre passado, presente e futuro. Se, em alguma dessas perguntas, a pessoa ficar desconfortável ou não responder, já pode ser um bom sinal para repensarmos os próximos passos…
Mas, para além de perguntas difíceis que essa pessoa venha a responder, eu preciso responder algumas perguntas por mim mesma, e isso só consigo quando começo a passar tempo junto, estando no mesmo ciclo de amigos, família e convívio. É na amizade que encontrarei abertura para ver não apenas o que essa pessoa quer me mostrar, mas quem ela realmente é, estando com as pessoas que a cercam.
Não existe nada mais precioso do que um relacionamento que começa na pureza de uma amizade, sem segundas intenções, sem interesse camuflado e sem carência emocional!
Me lembro de quando o Rodrigo e eu éramos apenas amigos e, depois de algum tempo, fiquei triste por pensar que ele era legal demais, mas eu simplesmente não queria namorar naquela altura, pois tinha outros planos — e um deles era mudar de país.
Nossa amizade nos acolheu de uma forma tão compreensiva que, quando mudei de país, foi como se eu tivesse mudado de bairro; não foi difícil nos mantermos decididos e separados para o nosso futuro juntos.
O namoro/noivado para casarmos depois de uns dois anos de amizade, foi um presente tão natural que não houve espaço para o que o nosso relacionamento poderia nos oferecer. Apenas ter um ao outro para sempre e para tudo, projetar a vida inteira um ao lado do outro, já tinha sido o suficiente para estarmos ali.
Conhecer alguém sendo amigo é muito diferente do que conhecer alguém já pensando em algo a mais, você acaba pulando algumas etapas sem perceber e lá na frente, isso vai aparecer ainda mais…
Nesses primeiros sete anos, a nossa amizade com certeza foi um pilar muito forte e importante para cada fase que passamos!
Nos desafios da caminhada, não foi a atração, a individualidade, o intelecto, a profissão, o dinheiro, os sonhos e ideais que nos mantiveram aliançados. Com certeza, foi o amor que nasceu na amizade e só tem florescido cada vez mais, por sermos amigos, cúmplices e apaixonados um pelo outro, simplesmente por conhecer a essência que cada um carrega — e é claro que esse amor só pode vir de Deus!
A amizade dentro de um casamento te faz conhecer os pontos mais vulneráveis e também os mais admiráveis na pessoa amada.
A amizade vale muito e acende muitas chamas!
É claro que ninguém casa com o inimigo, mas responde franca e puramente: vocês são mesmo amigos?
Um beijo daqui.