Me lembro de orar pelas panelas da minha mãe quando era criança.
A verdade é que a oração nunca foi um dever para mim. A ideia de poder conversar com alguém de maneira ilimitada sempre me deixou muito confortável, mas, conforme fui crescendo, comecei a perceber que, para além de falar, eu precisava ser treinada para ouvir e obedecer — continuo me treinando — e só é possível trilhar esse caminho quando tenho intimidade.
Aprender a encontrar um lugar onde seja confortável falar de coração aberto (com fé de que estamos diante de um Deus que ouve) é um caminho para o lugar da percepção e escuta (estamos diante de um Deus que responde).
Não tem como eu querer ouvir muito mais de Deus, se me inquieta o fato de “gastar tempo” falando ou se é difícil organizar a agenda e a mente para me encontrar nesse lugar.
A maior satisfação no poder da oração não é apenas ser conhecido, mas conhecer, desvendar e participar de Seus mistérios. É aqui que consigo encontrar um lugar onde o meu coração já foi tão derramado que, diante de tanta grandeza, não tenho motivos nem mais palavras que expressem o que sinto. É nessa intimidade que encontramos contemplação, porque, além de sermos profundamente tocados, temos o privilégio de conhecer um pouco mais do Único que é perfeitamente completo e capaz de nos completar.
A intimidade também é um legado.
Nós podemos ensinar aos nossos filhos a orar, citar a palavra, decorar versículos, etc., mas acredito que a jornada de intimidade deve ser apresentada com presença e verdade!
Dar encorajamento para que, com o tempo nossos filhos fluam sozinhos, abre um espaço para eles entenderem e andarem por um caminho não da forma como nós queremos e entendemos, mas da forma como Deus separou para a jornada de cada um, de maneira particular.
Talvez fluir para eles seja uma admiração ou uma curiosidade, não importa! O que importa é que essa jornada natural e comum se transforma em oportunidade para o sobrenatural vir de encontro com o ordinário da vida.
Nessa realidade, os encontros acontecem, corações são incendiados, a presença de Deus é revelada e, mesmo que se esqueçam das orações que fizeram aos 3 anos, uma marca ficou registrada e a palavra de Deus nos assegura que no tempo certo, acende, aparece, floresce e dá frutos.
Talvez nossos filhos não precisem só serem ensinados a decorar ou repetir palavras; às vezes, eles só precisam participar do ambiente em que nós mesmos treinamos o nosso coração a entrar todos os dias enquanto oramos.
O que será que nossos filhos estão captando dos nossos momentos com Deus?
Cansaço? Rotina? Coração entregue e apaixonado? Verdade ou teatro?
Que em nossos lares sejam gerados ambientes propícios para nascerem corações desejosos por intimidade e que, além de nesse lugar existir conforto para expressão e fala, exista também reverência e temor que ensinam a ouvir e a obedecer à voz de Deus.
Um beijo daqui.